Galeria de fotos de algumas personalidades de Limoeiro que foram notícias em jornais. (Clique em mais informações para ver as fotos)
Este blog foi construído especificamente para os leitores que
gostam da história dos nossos avoengos.
As fontes documentais pesquisadas, foram os jornais periódicos do passado, como o Pedro II que durou de 1840 - 1889, A Constituição de 1863 - 1889, O Cearense de 1846 - 1891, Gazeta do Norte de 1880 - 1892, antes era o Libertador, órgão voltado para os interesses abolicionistas, O Retirante órgão das vítimas das secas de 1877, Revista Trimensal do Instituto do Ceará, Almanak da Província do Ceará, Tribuna Católica, A República órgão do partido federalista de 1892, A Cidade de Sobral, A Época de Teresina, O Libertador do Pará e etc. Não quis fazer como fonte de pesquisa os cartórios e livros de tombo das igrejas, já muito vasculhados pelos pesquisadores, fugi um pouco desse modo natural de pesquisar o passado e fui em busca dos fatos e atos que ocorreram no Limoeiro noticiados pelos ditos jornais citados anteriormente.
Alguns desses jornais aqui no Ceará surgiram na metade do século de XIX, e eram ligados a partidos políticos declaradamente, sempre colocavam na primeira página "Órgão Liberal ou Conservador". Os partidos tinham seus jornais para defenderem os seus aliados e atacarem os adversários do partido contrário. A maioria das notícias eram enviadas aos jornais por correspondentes que residiam na localidade onde o fato ocorria ou nas vizinhanças, e enviadas para o redator na forma de carta.
Aqui você vai encontrar nomeações de pessoas aos diversos cargos na politica, eleições, atividades comerciais, casamentos, aniversários, agressões, mortes por assassinatos e por doenças naturais da época e etc.
A organização das postagens dos fatos divulgados por cada jornal, foram inseridas da seguinte maneira neste blog, começando pelos assuntos mais antigas, até os tempos mais recentes, ou seja, de 1840 a 1957, mais de um século de valorosos esclarecimentos. São mais de 600 postagens de notícias que falaram de Limoeiro ou de pessoas que viveram nesta localidade.
Faça um proveito e tire suas dúvidas...
Este mapa mostra como foi feita a divisão das terras do Vale do Jaguaribe aos 15 solicitantes do Rio Grande, demarcação feita em 1703:
ESBOÇO DAS TERRAS CONCEDIDAS PELOS ANTIGOS GOVERNADORES DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE, CUJA CAPITANIA COMPREENDIA A PROVÍNCIA DO CEARÁ.
O decreto que regula as
Sesmarias (chamada Datas) nos rios, riachos e suas ilhargas, como se pode ver
na ordenação do livro 4 tit. 43, concedeu a cada peticionário 3 léguas de
comprido com uma de largo, meia para cada banda ou lado do rio ou riacho; e a
esse tempo as terras da província do Ceará estavam incultas ou devolutas,
máxime a ribeira do Banabuiú, de cuja Data vamo-nos ocupar, a fim de
cientificar aos leitores, o direito de propriedade, adquiridos pelos datarios,
uma vez que é prepotente e rico ambicioso quer extorquir ditas terras sob
frívolos pretextos e com testemunhas insinuadas.
I
O rio Banabuiú corre de
poente a nascente e se lança no rio Jaguaribe, sendo, todavia suas nascentes da
serra Santa Rita em Maria Pereira (Mombaça), com um curso de 50 a 60 léguas, suas
margens são cobertas de carnaubais e frondosos arvoredos, principalmente
durante as secas: ao lado Norte de sua margem na distancia de 1200 braças,
encontra-se um bosque montanhoso, cuja planície amena cortada de lagoas e rochas,
próprios para açudes, produz excelente cana e toda qualidade de fruteiras e
outro tanto respeito à criação, mormente ovelhas, gados e animais.
Principiaram sua primeira
Data dos fundos da terra do Jaguaribe, isto é, meia légua distante de sua foz,
onde está sito um marco de pedra, que antigamente se chamou – Danças – e hoje
se diz - Bonifácio – cujo marco é a linha divisória de Norte a Sul das duas
ribeiras; a saber, dos rios Jaguaribe e Banabuiú: desde referido marco para
cima tirou o seu primeiro datario 3 léguas de comprido com uma de largo, sendo
meia para cada banda do supradito rio – a saber – a primeira légua se chama –
Danças – a segunda – Congo – a terceira – Santa Cruz.
Os frades do Monte Carmo,
alcançaram por esmola d’El-Rei uma Data, denominada Monte do Carmo, nas
Ilhargas, fundos ou terras adjacentes destas 3 mencionadas léguas do lado do
rio da parte Norte; a saber do referido marco – Danças – para cima e nelas
fizeram suas posses dentro do quinquênio, em 1707 a 1708, constando de casas,
fazenda de gados, currais e açudes, cujos restos ainda hoje existem, sendo seu
proprietário o ilustre fazendeiro João Rodrigues Lima.
Em 1707 foi enviado por
ordem régia o desembargador Christovão da Rocha Reimão para a Província do
Ceará, a fim de demarcar e tombar as terras, como de fato demarcou e tombou as
terras do rio Jaguaribe até o lugar Nazário, na povoação de S. João e deu
princípio a demarcação do rio Banabuiú – somente as 3 léguas da primeira Data
do supra dito rio. Aqueles mencionados frades assistindo as demarcações do
referido piloto desembargador, no lugar onde possuíam sua referida Data, vieram
ao conhecimento que havia terras devolutas contíguas a sua Data, imploraram a
El-Rei, não só a retificação da Data, já concedida, como pediram uma nesga ou
sobras das terras, que se achavam contígua a sua Data do referida marco –
Danças – para baixo, o que lhes foi concedido, sendo que as sobras das terras
estão citas entre os fundos das léguas do Limoeiro, Malhada d’ovelhas e Sapé do
lado do poente ou do Norte e os fundos das terras da Data do Pixopá do lado do
nascente.
II
A segunda Data, na referida
ribeira, compreende as 3 léguas denominadas- Onças, - Bento Pereira, - e Patos
– na mesma ordem da primeira Data e outro tanto
em suas Ilhargas. Também para o lado do norte, se acha uma Data,
denominada – Riacho da Cachoeira, a qual Data abrange as Ilhargas das
mencionadas 3 léguas do marco que antigamente se chamou Carnaubal e hoje se
chama - Raposa para cima.
III
A terceira Data, na referida
ribeira, compreende as 3 léguas denominadas – Cruz Nova, - Tapera, e Alagoa Grande, - e outro tanto ao
lado Norte. Existe nas suas Ilhargas, uma Data, denominada Riacho da Urueira,
cujo titulo abrange as Ilhargas das referidas 3 léguas e nessa ordem segue até
as nascenças do supradito rio Banabuiú.
Todos possuidores desta
referida ribeira ainda se conservam pelo mesmo teor de seus antepassados, isto
é, com uma légua de comprido com outra de largo, sendo meia légua para cada
lado a exceção, porém, da légua de Dança a qual foi alterada com uma légua para
um lado do rio em consequência de uma escritura extraída em 1843 ou 1844 pelo
atual escrivão do Aquiraz, cujo caráter é quantum
satis; quando antes, se conservava na ordem dos mais posseiros.
De acordo com Revista Acadêmica Cearense a fazenda Dancinhas, no município do Limoeiro, apareceu muito depois de Danças, sitio do tempo do donatário Fr. Manoel de S. Gonçalo, do convento de Goyana, que lhe deu esse nome, como da sesmaria.
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O rio Salgado deve-se esse nome a um colono aventureiro que em antiquíssimos tempos percorreu-o desde as suas cabeceiras, do mesmo modo que um riacho em Russas tomou o nome de Palhano. O rio Palhano tomou esse nome de um português deste nome, que possuía terras em suas margens.
Ilmº. e Exmº. Sr. – Esta
câmara, Exmº Sr. , cônscia de sua
dignidade, zelosa dos direitos do seu município, não quer, não deve e não pode
deixar em silencio o mais insólito e inaudito procedimento praticado nesta vila
por ocasião das eleições dos eleitores que tinham de votar em 2 senadores por
esta província pela vaga, que deixaram os Conselheiros Manoel do Nascimento
Castro e Silva e Marquez de Lages, certa como esta de que em V. Excª. deve
achar o maior acolhimento, assim como o remédio, senão a reparar o mal feito,
ao menos a evitar sua repetição, pois, quando pode o exemplo, não precisa
desenvolvimento, se é que V. Excª. quer
eleições, não pretende nomeação de eleitores.
Breve esta câmara, Exm. Sr.
, na exposição dos sucessos ocorridos desde o dia 3 do p. p mês, em que aqui
chegaram o Bacharel Hypolito Cassiano Pamplona, bem conhecido pelo roubo da
urna das Pratas do Aracaty e o outrora comandante do destacamento da cidade de
Sobral, o Alferes Bento Ferreira Marques Brasil, confidentes do 1º
vice-presidente da província o Sr. João Chrisostomo d’Oliveira, porque desde
esse dia trocou-se o susto, o terror, a confusão pelo sossego em S. Bernardo.
Os dias grandes Exmº Sr. tem suas vésperas e por isso o dia 3 de outubro, que
era o dia das eleições nesta vila, o dia
do Sr. Chrisostomo devia ter as suas e assim sucedeu com efeito; porque as
ameaças de prisões, promessas de espancamento, indigitados de surras, não
esquecendo os costumeiros ralhos de recrutamento propalavam-se todos os dias, a
cada hora, a cada momento contra os habitantes deste termo; com mais largueza e
profusão porém contra os moradores desta vila, onde o governo conta com 5
adeptos, incluindo-se neste número 2 velhos septuagenários, nem se omitia contra os diversos empregados e a remoção nos
que não podiam ser demitidos, e bem que depois se retirasse o mencionado Bacharel,
enviado do Sr.João Chrisostomo, nada faltou para consecução do fim atingido;
porque na vila os soldados de 1ª linha, armados de um modo brusco e nunca
visto, munidos de peias na patrona pretenderam sufocar na injuria e no
aviltamento os cidadãos de coragem mais honrados; e na povoação do Limoeiro que
daqui dista 5 léguas antes das eleições também no dia 11 do p. p. mês, seus
habitantes, que, com uma outra exceção, são desafetos ao Governo foram, depois
de cercadas suas casas, injuriados com toda a casta de impropérios, tal como
era de esperar das lições do Sr. João Chrisostomo, mas, com reprovação até dos
homens de bem do lado do Governo.
A guerra, Exmº Sr. , não é
tão incomoda, quando franca e leal, como as desordens sucessivas feitas muito
de propósito em vista a conquista eleitoral, em que o 1º. Vice-presidente e
seus celerados emissários tinham a mira e o mais é que para as de 7 de novembro
é que nos promete maiores fúrias apoiadas em aumento de força!
Avizinhavam-se as eleições e
na razão direta de sua aproximação cresciam os desatinos, por que também se
manifestando ia, apesar de tudo, o firme proposito do povo de preferir a morte
a preterição do seu voto e então reaparecendo o dito Bacharel nesta vila na
ante véspera das eleições redobrou todos esforços fazendo na véspera delas
partir uma escolta de 22 soldados de 1ª linha a encontrar e dispersar os
desafetos, que em nº de mais de 300 concorriam sem armas a dar o seu voto em
quem entendiam o merecer-lhe, tudo sobre o pretexto de trazerem armas, quando
armados em grande número entraram todos os homens do governo, todas as pessoas
reputadas da afeição do Sr. João Chrisostomo, este homem, que tirado do nada se
acha mandando na província, impondo sua vontade em vez da lei e é assim que se
protege a liberdade do voto! Quem tem maioria, Exmº. Sr., não recorre a
violência, repara as vias de fato! Chegou o dia 3 de outubro, o dia das palpitações
e dos remorsos do 1º vice-presidente e também da sua vergonha, uma grande
maioria, conheceu-se logo contra o governo, e este conhecimento produzindo a incerteza
dos bons resultados das violências apresentou um como que armistício sobre as
hostilidades que até então sucediam umas as outras; porque o medo faz às vezes
moderados, muito concorrendo para isso as instancias de alguns proprietários
que tem de permanecer no termo e senão podiam julgar garantidos, como o Sr.
Chrisóstomo contra suas agressões, reinou por algum tempo o silencia e dando-se
começo aos trabalhos eleitorais, constituiu-se a mesa anti-governistas apesar
das tramas deste fingirem doentes ou fazerem desaparecidos alguns eleitores,
formou-se a mesa bem significativa da derrota do governo, porque nela não se
via pessoa, que apoiasse a fraude, fizesse injustiça, nem tivesse a mínima
condescendência; mas, os maus que não são bons por muito tempo, trataram de
acometer a eleição e jogar a ultima carta, o uso da força bruta, certos como
estavam do apoio do Sr. Chrisostomo que até depois disto mandara mais uns 30
facinorosos da cidade do Aracaty para barulhar as eleições e no 3º dia, quando
já se achava a ultimar-se a 1ª chamada pelas 3 horas da tarde de ordem do
alferes comandante da força de 1ª linha, e soldados vindo do Aracaty de
combinação com o Bacharel Hypolito Cassiano Pamplona e mais alguns homens de
sangue os soldados invadiram a igreja Matriz, gritando que não deixavam entrar
senão os que votassem no governo e ameaçando levar a baioneta e espingardear os
adversários, expelindo todas as pessoas que bem lhes apraziam e até o próprio
sacristão foi obrigado a retirar-se depois de por ordem dos soldados fechar uma
das portas de igreja, ficando a frente do restante da força o mencionado
comandante que então dizia em altas e inteligíveis vozes – o alçapão está
armado só faltam caírem dentro – e de sua parte ordenava o 1º emissário do governo
as amazias dos soldados preparassem as trouxas para se embarcarem no sangue que
estava a correr, este 1º emissário é o Sr. Hypolito!!
Em posição tão triste a
todos os homens, que não são do calibre do Sr. vice-presidente, dos seus 2 emissários
e mais alguns outros, maus como eles, como eles sem costumes, tomou o juiz de
paz com 2 membros da mesa a deliberação de não irem a igreja para não caírem no
alçapão do Sr. alferes Bento, e com vistas de evitar o dilúvio de sangue do Sr.
Hypolito e onde se acharam nomeando outros membros da mesa espaçaram os
eleitores até que se retirasse da vila a força do governo, única que provia a
anarquia em vez de sustentar a ordem; porque era impossível ou inútil
designar-se outro dia antes desta retirada, na forma da lei de 19 de agosto de
1846, art. 60, pela existência das mesmas causas, que deviam apresentar os
mesmos oficiais; todo o resto da tarde esteve a vila em agitação, pois só
porque Isaías Francisco de Oliveira aproximou-se da Matriz foi esmurrado pelos
soldados, que faziam sentinela na Igreja e a urna, em quanto nele se faziam as
devidas falsificações, por quanto ainda existindo atualmente as chaves em mãos
de 2 mesários a urna foi aberta e uma apuração se fez das cédulas existentes e
de mais alguns que se receberam sem que outra coisa conste da ata que fizeram.
A noite toda, Exmº. Sr., foi
de agonia, sentinelas em torno da vila, rondas continuas, gritos d’armas foram
os menores atos com que o governo quis em S. Bernardo divertir o povo; porque a
noite um inventado ataque com 2 tiros que se mandou dar de proposito derramou a
consternação por todas as pessoas, que ignoravam a trama e por toda oposição
relampejava então e trovejava pelas ruas o alferes Bento, esbordoavam-se as
portas de traz e de diante das casas em que estavam os desafetos do Sr.
Chrisostomo depois que a uma chamada de campo deixaram de comparecer; porque
nela só traduziam o derramamento do sangue em que o Sr. Hypolito
desconsiderando o comprometimento dos amigos, pretendia embarcar-se para o
Aracaty, a dar contas ao 1º vice-presidente da comissão de que o encarregara, a
contar-lhe a historia de sua conquista em S. Bernardo.
Releva aqui dizer a V. Exc.ª.
que apesar da deliberação da mesa pela intervenção da força e dos facinorosos
do Aracaty pela nenhuma confiança que inspirava a urna, pois que só na manhã do
outro dia quando devia ela estar pejada de listas introduzidas sem formalidades
e ocultamento desamparam os soldados o posto da Matriz apesar do acordam da mesa, tomada na ocasião, em que o povo
espavorido começara a retirar-se sem votar, e pelo misterioso fato de fechar a
porta da igreja, entrando apenas as pessoas do lado do governo, que bem lhes
parecia os dois membros, que faltaram a esta deliberação, arvorados em mesa,
arrogando as atribuições, que só competiam ao seu presidente, aceitando a
presidência de Joaquim Fiuza Maia, juiz de paz do distrito de Jequi, termo da
cidade do Aracaty, nomearam mais dois outros membros e com eles continuaram os
trabalhos, que legalmente haviam sido suspensos, a pretexto de ausência, não só
da parte do juiz de paz presidente como dos outros membros, que se achando no
distrito não podiam nunca ser reputados ausentes, por estarem fora da vila, se
é que ausência se podia dar depois da deliberação da mesa, que esta a envia a V.
Excª. por copia e se falece a mesa, que assim deliberou, autoridade para o
fazer pela falta de dois membros, que não quiseram comparecer de todo se
desvanece a legitimidade do feito por estes dois membros, que receberam do juiz
do Jequi; porque ainda desconsiderados que são unicamente dois membros, com
falta do presidente, que é o regulador dos trabalhos, este juiz de paz do Jequi
não tem autoridade para exercer atos de jurisdição em S. Bernardo; por quanto
não pode ser reputado o juiz de paz do distrito mais vizinho, nos termos do
aviso de 12 de dezembro de 1840 que diz – o juiz de paz do distrito mais
vizinho é sempre um distrito do mesmo termo e Jequi não é do termo de S.
Bernardo é sim do termo da cidade do Aracaty em semelhante hipótese legítimos
seriam os juízes de paz do distrito de Taboleiro d’Areia, porque do distrito
mais vizinho a esta, é estes e nem se quer foram procurados, estando entretanto
eles dentro da vila.
Esta câmara, pois levam
todas estas considerações ao conhecimento de V. Excª. não só para fazer retirar
a força aqui destacada, como para dignar se marcar outro, em que deve ter lugar
o ato das eleições que se suspenderão.
Deus guarde a V. Excª. Paço
da câmara municipal da vila de S. Bernardo em sessão extraordinária de 11 de
outubro de 1847 – Illmº. e Exmº. Sr. Dr. Frederico Augusto Pamplona 2º vice
presidente desta Província. – João Baptista Ferreira dos Santos, presidente. –
Antônio Nunes Vieira de Pontes, Antônio Manoel da Silva, Antônio José Pinto,
Antônio Xavier Ribeiro, Francisco das Chagas d’Araújo e João de Oliveira Lima.
ELEIÇÃO
PROVINCIAL
Candidato de
Palácio – Equilibristas em 1850, padre Ambrósio, segundo jornal Pedro II.
Na Eleição para Deputados Provinciais: – Colégio
Eleitoral das Russas.
(22 eleitores)
Padre Lino Deodato de Carvalho 22 votos;
Vigário Domingues Carneiro 20 votos;
Ignácio Ribeiro Bessa 10 votos;
Padre Ambrósio R. Machado 7 votos;
Padre Francisco Ribeiro Bessa 3 votos.
– Colégio Eleitoral de Quixeramobim.
(46 eleitores)
Padre Lino Deodato de Carvalho 4 votos;
Vigário Domingues Carneiro 21 votos;
Ignácio Ribeiro Bessa votos;
Padre Ambrósio R. Machado 40 votos;
Padre Francisco Ribeiro Bessa votos.
Em 16 de março de 1850 segundo jornal Pedro
II, o padre Domingues Carneiro foi candidato na Eleição Provincial no colégio
eleitoral de Granja. Candidato pelo Palácio; Equilibristas.
PORTARIA – Ordenando a câmara municipal de S. Bernardo, que em virtude da lei provincial nº 35 de 8 de novembro de 1852, que criou o distrito de paz na povoação do Limoeiro do termo desta vila, expedisse as precisas ordens ao juiz de paz da freguesia, para que convocando as pessoas de que tratavam os artigos 4, 5 e 6 da lei regulamentar das eleições, procedesse a eleição de juiz de paz para o referido distrito do Limoeiro, devendo a eleição verificar-se um mês depois da dita convocação segundo o disposto no art. 94 da lei citada.
GOVERNO DA PROVÍNCIA
Continuação do extrato do expediente do
dia 15 de outubro de 1853.
Comunicou-se ao chefe de polícia.
Ofício
– Ao Presidente da mesa paroquial de S. Bernardo. – Que para a mesa poder
continuar a funcionar em regra, devia requisitar a câmara municipal cópia da qualificação,
para se conhecerem quais os quarteirões,
que ficam encravados no distrito do Limoeiro, a cuja eleição se devia proceder.
O Vigário Joaquim Domingues Carneiro foi
candidato a deputado da assembleia provincial da legislatura de 1854-1855.
Ficou na suplência com 101 votos.
Em 10 de setembro de 1858 era deputado Provincial, soubemos a través de uma notícia no jornal O Cearense. Quando ele juntamente com outros deputados protestaram contra a aprovação do orçamento das câmaras, pois, tinham sido aprovadas num breve espaço de meia hora. Pois era impossível aprovar em tão pouco tempo. Tinha que se fazer a chamada, a leitura da ata, a leitura do expediente, da lei do orçamento provincial e suas emendas. Tinha que ser votada a lei do orçamento das 28 câmaras da província com as respectivas emendas.
Então, protestaram contra a ilegalidade e caráter tumultuário deste procedimento, não d'Assembleia Legislativa, mas, daqueles seus membros que o praticaram.
Assinaram este documento 8 deputados provinciais incluindo o Vigário Joaquim Domingues Carneiro. 21
de janeiro de 1855
Morreu no Sapé termo de São Bernardo o velho
Manoel Furtado de Mendonça com 92 anos de idade, o qual tem 366 descendentes,
dos quais são mortos 113, e vivos 100 filhos e netos, e 153 bisnetos.
Só casou uma vez esse homem.
(O Cearense, 26 de janeiro de 1855).
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S. Bernardo 1º de
agosto de 1854
Foi nomeado – Tenente – Coronel – Comandante do Batalhão nº 9 da Guarda Nacional da Província do Ceará – Manoel Herculino da Cunha.
Em 25 de novembro de 1862 passou o comando ao capitão Antônio Manoel Ferreira Maia, por motivo de doença independentemente de licença.
Falecimento - Dizem haver falecido em sua fazenda Boqueirão no termo do Limoeiro Manoel Herculino da Cunha na idade de 71 anos.
Não temos pormenores - apenas a dolorosa notícia que vem enlutar uma numerosa e distinta família.
Damos pêsames aos nossos bons e leais amigos Srs. Felinto Herculino da Cunha, José Herculino da Cunha, Leôncio Herculino da Cunha, Alípio Herculino da Cunha e Capitão José Joaquim Bezerra, filhos e genro do finado.
Ao altíssimo rogamos pelo repouso de sua alma. Jornal Cearense - Fortaleza, 16 de setembro de 1888.
NOTICIAS
LOCAIS
No dia 26 de dezembro de 1855 deu-se um fato
horrível na povoação do Limoeiro: é o caso que estava um infeliz (João Luiz)
preparando uns fogos busca-pés, etc e inflamou-se o que ele socava e
comunicando o fogo a um barril de pólvora este estourou e matou ao mesmo João
Luiz, a uma senhora que ficando muito queimada ontem também morreu; havia casado
há poucos meses com um filho do Coronel Bessa e estava grávida; a explosão fez
um estrago cruel na casa e pessoas que nela estavam, mas, ainda não se sabe a
fundo a história.
Também a poucos dias quebrou-se uma trave do
sobrado do vigário Joaquim Domingues Carneiro e lá veio abaixo grande porção de
telhas e caibros, felizmente, porém, só um pedaço de telha feriu levemente uma
pessoa de fora que ai estava.
Andamos assombrados com tantos casos
funestos.
12 de setembro de 1856
Participo-lhe que tendo o Exmº. presidente da província marcado a povoação do Limoeiro para de fazer a eleição de juízes de paz e câmara no dia 7 de setembro por se achar a vila (São Bernardo das Russas) empestada da febre amarela, compareceram os chimangos da vila, ignorando a ordem do presidente e como não quisesse o juiz de paz da vila cumprir a ordem do governo, nem fazendo ali a eleição, nem indo para Limoeiro, foram os chimangos para o Limoeiro e ali com o juiz de paz do distrito Francisco Nunes Guerreiro fizeram a eleição. Os caranguejos estão danados, dizem que não vale a eleição e que vão já pedir ao presidente para mandar fazer outra; nós que, porém confiamos na imparcialidade do governo, duvido que faça tal coisa.
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Francisco Nunes Guerreiro - Casado com Maria Francisca do Nascimento, ela faleceu com a idade 54 anos, em 7 de Março 1874, e foi sepultada em Limoeiro envolto em preto.
HORRÍVEL CATÁSTROFE
No dia 28 de dezembro próximo passado por
ocasião de se estar uma porção de foguetes – buscapés – em casa do Rvd.
Francisco Ribeiro Bessa, na povoação do Limoeiro deste município (S. Bernardo
das Russas), aconteceu inflamar-se o foguete que se estava socando, comunicar o
incêndio a um alguidar de massa preparada e depois a um enorme volume de
pólvora depositado em um barril que se achava na casa e ocasionar assim uma
explosão terrível que soando com pavoroso estampido, em distancia talvez maior
de ½ légua em circunferência, arrombou o telhado, quebrou dobradiças, escalou
portões e atirou as portas ao meio da rua, fazendo mortalmente a duas pessoas
das mais notáveis que estavam presentes, a saber: Sr. João Ennes da Silva (o
mesmo estava socando o foguete) e a jovem e virtuosa esposa do Sr. Arlindo Ribeiro Bessa, filho do nosso
amigo o Cel. Bessa.
O primeiro, ou fosse por si mesmo, ou por ter
sido impelido pela força da explosão, como é mais natural, achou-se de repente
dentro de um quarto, ardendo em chamas e teve a coragem e presença de espirito
de dar ainda alguns passos até a porta da rua, já estando com as feições
inteiramente contraídas e desfiguradas, a pele negra e franzida, só lhe restando
de todo o seu fato o colarinho em que se viam ainda luzir as últimas chamas do
incêndio.
No dia seguinte e creio antes de se completar
24 horas, o Sr. João Ennes estava na eternidade. Preparou-se para a morte,
recebendo os sacramentos e procurando no meio dos seus aflitivos padecimentos,
as consolações espirituais da igreja; Deus o assistia, infundindo-lhe essa
resignação evangélica, que, única pode fortalecer o homem em tão amargurados
momentos.
O Sr. João Ennes era pessoa notável; ocupando
por vezes, emprego de eleição popular, e em politica foi sempre fiel aos
princípios do partido ordeiro da província; e se não teve uma vida exemplar, ao
menos em sua morte apresentou o heroísmo do cristão. Em paz descanse sua alma,
na graça e na luz do Senhor!
A moça sofreu menos da força e violência da
explosão, do que das chamas que se lhe apoderaram das roupas, obrigando-a a
acudir com as mãos e a aumentar cada vez mais o estrago, bem longe de diminuí-lo.
Ela pode ainda correr para fora, como que em busca de socorro; mas,
infelizmente quando se acudiu, quando se pode apagar o incêndio, já o estrago
estava feito, já o fogo tinha lavrado uma grande parte do corpo, deixando-a
quase sem esperança de vida; com tudo, como estivesse adiantada em gravidez,
deu a luz a criança, ainda em estado de ser batizada e sentiu uma melhora
considerável; até engravescendo mais e mais o seu estado morboso, deu a alma ao
criador, no dia 1º deste mês e deste ano, depois de se haver fortalecida com a
recepção dos sacramentos e piedosas consolações da Santa igreja. Deus que lhe
deu as necessárias disposições para resistir a tão terríveis provas, não
deixara de conceder-lhe a coroa da glória, que merecem suas virtudes e
acerbíssimos padecimentos.
Entre as demais pessoas que se achavam
presentes saíram algumas queimadas levemente e quase todas pelas diligências
que faziam em apagar o fogo. Conta-se, porém, que algumas acharam-se na rua,
impelidas pela força da explosão e sem que sofressem lesão alguma; e assim
também que uma escravinha que ajudava no serviço dos foguetes, apenas ficou
levemente queimada, apesar de se achar junto da massa de fogo. É o que me
informaram.
É também para admirar que não havendo na
ocasião a menor partícula de fogo e sendo o soquete de madeira, tivesse lugar à
explosão que falamos. É de supor que alguns fragmentos da granada, mal moída,
frisando-se uns aos outros pelo continuo movimento do soquete, feriram fogo no
vão da taboca e ocasionaram o incêndio do foguete.
Finalmente, o que é certo é que uma terrível
catástrofe infectou a povoação do Limoeiro, no tempo em que seus habitantes se
preparavam para os prazeres e doçuras da festa, derramando a consternação e a
dor no seio das famílias e causando muitos outros estragos que seria longo
enumerar.
Quanto ao dono da casa, o Rvd. Francisco
Ribeiro Bessa foi ele demasiadamente feliz em se achar ausente, no momento de
explosão. Além do susto porque passou e da profunda mágoa que lhe causou a morte
de seu amigo e de sua prezada sobrinha, teve ele não pequeno prejuízo, perdendo
toda a roupa de seu uso e a maior parte dos utensílios da casa. Receba ele de
minha parte os devidos pêsames por tão triste inopinado acontecimento.
Por aqui nada mais ocorre de novo. O estado
sanitário é pouco lisonjeiro, porém, não tem apresentado grande alteração.
Receio se a invasão da cólera, apesar mesmo de confiar no remédio do limão,
ultimamente descoberto; e com muita razão se deve temer por aqui, ainda que o
tal remédio fosse infalível; pois seria mais fácil aniquilar-se toda população
debaixo de azorrague negro da cólera, do que apurar-se em todos os limoeiros do
município uma garrafa de sumo de limão.
Se hoje as primeiras vistas de um governo
ilustrado devem ser: obstar a invasão do cólera, nos lugares em que ele ainda
não existe; e atenuar a sua força, nos lugares em que ele grassa, é claro que o
nosso governo sabia e providente como é, deve mandar preparar esse grande
remédio, mandando vir do Pará, e de outros lugares aonde há com abundancia, a
fim de enviá-lo aos lugares da província em que houver falta dele, apenas se
manifesta o mal. Assim se praticou com sabugo, cordeais e etc, no tempo em que
grassou a febre amarela. Devemos confiar muito na providencia e depois dela nos
esforços do Governo.
Adeus, meu amigo, até outro vez.
S. Bernardo, 3 de janeiro de 1856.
ELEIÇÕES
Em Russas o presidente tinha mandado que a eleição se fizesse na povoação do Limoeiro, por que reinava a febre amarela na vila. O juiz de paz da vila não quis ir para Limoeiro; o povo que ali compareceu fez a eleição com o juiz de paz do distri- to do Limoeiro. Ali venceram os chimangos; mas, consta que não valeram, porque já a folha do Governo disse que foi uma farsa e o próprio Sr. Pereira da Cunha já e- mitiu também esse juízo.
Continuação do expediente do dia 26 de
agosto de 1856.
Comunicou-se aquele comandante.
Ofício – Ao juiz de paz mais votado em S. Bernardo. – Que em resposta ao
oficio que Smc. dirigira-se a presidência em data de 19 do corrente dizendo que
pretendia a época das eleições para juiz de paz e vereadores nesse município, e
pedindo que aprovasse essa resolução, que havia tomado em consequência do
estado sanitário d’aquela vila, dizia que não aprovava esse ato, pelo que
cumpria a dita eleição fosse feita no dia 7 de setembro próximo futuro, devendo
unicamente por aquele motivo ser a eleição feita na capela filial denominada
Limoeiro, o que lhe tinha por muito recomendado.
GOVERNO DA PROVÍNCIA
Extrato do expediente do dia 27 de
setembro de 1856.
Ofício – A câmara de S. Bernardo. – Não tendo sido feito com
antecedência da lei a convocação dos eleitores, suplentes e votantes que iriam
concorrer para a eleição de vereadores desse município e de juiz de paz dos
distritos dessa paróquia, tudo em consequência de haver sido marcado para a
capela do Limoeiro o lugar em que deviam ser feitas as ditas eleições, e por
tudo não se tendo ai procedido as ditas eleições, cumpre que Vmcs. tendo em
vista o que se acha determinado nos artigos 4 e 5, e 91 da lei de 19 de agosto
de 1840, expeçam as mais determinantes ordens ao juiz de paz mais votado dessa
paroquia para que proceda as ditas eleições no dia 2 de novembro p. futuro, na
mesma ocasião e lugar em que houver de ser feita a eleição dos eleitores dessa
paroquia. Os eleitores e suplentes de que falam os citados artigos 4 e 5 da lei
também citada devem ser igualmente notificados na forma do mesmo art. 4º.
Cumpre porém dizer-lhes que as cédulas das diversas eleições, a que tem ai de
proceder-se devem ser feitas e tomadas em separado, devendo não só estas como
aquelas circunstancias serem expressamente declaradas nos editais de
convocação, e bem assim na ocasião em que houver de ser composta a mesa
paroquial competente, cuja organização terá lugar pelo novo sistema
estabelecido no art. 1º & 1º do decreto nº 812 de 19 de setembro do ano
passado, e decreto regulamentar nº 812 de 25 de agosto do corrente ano. Cumpram
vocês as presentes ordens sob as penas da lei.
Mais alguns atos de parcialidade do Sr. Pereira da Cunha.
No expediente no ultimo
Pedro II, vem dois fatos oficiais que caracterizaram bem a administração do Sr.
Cunha.
Um é a deliberação que sua
Excª. tomou de anular sem mais audiência de outra parte a eleição feita na
povoação do Limoeiro.
O Sr. Cunha tinha negado se
ao pedido da câmara de Russas de transferir a eleição para outra época, e por
causa da febre, que serviu de protesto ao pedido da câmara, mandou que se
fizesse a eleição na povoação do Limoeiro.
Cumpriu-se a ordem do
presidente: fez-se ali a eleição no dia 7 como mandou e com o juiz de paz do
Limoeiro. Os caranguejos perderam a eleição; S. Exc.ª. sem mais exame anulou e
mandou proceder a nova para 2 de novembro.
O fundamento que dá S.
Exc.ª. dessa sua parcialidade é a falta de convocação dos eleitores e suplentes:
mas, sabe com certeza que não se deu essa convocação? Depois essa falta não se
deu em tantas partes, principalmente no Aquiraz?
Por que não tomaram iguais
providencias para outros pontos?
Nos outros lugares onde se
deram imensas faltas, ainda mais graves de que estas S. Exc.ª. não fez a menor
reflexão, ou se teve alguma representação, enviou ao Governo.
A Russas sem representação e
sem mais exame anulou.
A diferença é que nas Russas
tinham vencidos os Chimangos e isso era um crime, que na opinião do Sr. Cunha
dispensava qualquer discussão e nas outras, tinham vencidos os Caranguejos, o
público que avalie.
ELEIÇÃO DE S. BERNARDO
S. Bernardo 10 de novembro de 1856
Temendo nós
apresentar a eleição feita no Limoeiro ao Sr. Pereira Cunha, por isso que sua
sempre errada administração o tornava credor das suspeitas de que ele por fás
ou por nefás poria de lado predita eleição, em que sua gente havia sido
derrotada não obedecendo a sua mesma ordem, mandou ele proceder no dia 2 de
novembro corrente juntamente com a de eleitores, as eleições de câmaras e
juízes de paz e de feito nesse dia se apresentaram os eleitores e suplentes,
formaram a mesa e principiou-se a farsa que esteve a mil maravilhas.
A mesa
paroquial de S. Bernardo, meu amigo, exerce funções alheias, ou eu não
entendendo a lei, por quanto chamou José Maria de Souza morador neste distrito
e Cassiano de tal e ambos deixaram de votar porque a mesa disse que eles não
moravam na freguesia, que se haviam mudado isto porque aqueles votantes, sendo
liberais tinham plantação na freguesia do Aracaty onde passavam alguns dias do
ano! Ora os votantes requereram que fossem aceitos os seus votos, pois estavam
qualificados, eram moradores nesta freguesia e se iam ao do Aracaty, era por
suas plantações, mostraram que quando mesmo estivessem mudados, o que se
negava, que a mesa qualificadora cumpria elimina-los da qualificação; mas qual,
tudo foi baldado, o plano era excluir a muitos dos nossos votantes, diziam que
para não fazermos nenhum suplente! É muito.
Agora veja quanto
difere um votante Caranguejo de um Chimango, foi chamado e veio à mesa votar um
criminoso dos Caranguejos, os cidadãos presentes reconheceram e reclamaram que
aquele homem era criminoso, que não deveria votar, o escrivão do crime que se
achava presente disse que era verdade que constava de seus réus de culpados, o
delegado de policia que também estava presente prendeu-o e acha-se recolhido na
cadeia, mas o que pensa V. S. que se fez de sua chapa, provavelmente
pensa que lhe entregaram outra vez, pois não, senhor, enganou-se, saiu o tal
votante preso, porém um dos mesários a nada se dobrou e introduziu na urna os
votos do criminoso.
Tanto descaro tanta fraude.
Voltou enfim muita gente nossa por votar, por qualquer ninharia; da parte dos
Caranguejos, porém votaram muitos por duas vezes, outros com nomes trocados e
por fim vendo que não faziam juízes de paz em todos os distritos conforme
desejavam fizeram votar muitos votantes do distrito de São João com três listas
todas de juízes paz, figurando por fora uma para vereador, outra para juiz de
paz e outra finalmente para eleitores, como tudo se verificou na contagem e
querem apura-las todas! É bem de supor que esteja Vmc. enfadado de ler tanta protérvia,
porém, tenha paciência que eu lhe conte ao menos mais uma. Conhecendo os nossos
amáveis Caranguejos que perdiam a eleição de juiz de paz de Morada Nova por
poucos votos, fizeram votar algumas pessoas mais do distrito da vila, na
terceira chamada para juízes de paz daquele distrito, de forma que tendo nós
contado a gente dali na contagem das listas conhecemos que havia listas demais,
porém, o que fazer se foi com a sobra do distrito da vila, que nos iludiram?
Ainda tenho muito a lhe
dizer de eleições, porém, paro aqui já aborrecido de narrar tantas deslealdades
da gente do poder. Adeus até o seguinte correio em que lhe darei o resultado
das eleições que se estão apurando.
Joaquim Ribeiro Bessa por Portaria de 20 de janeiro de 1857 foi nomeado Alferes Porta Bandeira do Estado-Maior do Batalhão de Infantaria nº 9.
Falecimento - Joaquim Ribeiro Bessa morreu na vila do Limoeiro em 20 de abril de 1874. Este Sr. era irmão do padre Bessa.
O finado tendo nascido em 1809, viveu 65 anos, tempo que ele soube aproveitar na pratica de excelentes virtudes.
Teve de sua virtuosa consorte, a Exmª D. Joanna Sebastianna da Rocha Pita, com quem casou-se em 1828, teve 10 filhos, dos quais existem 9.
Tendo adoecido em 1870 de retenção de urinas que degenerou depois em frouxidão das mesmas, foi desenganado pelos médicos; isto causou-lhe grande impressão, e então, perdeu completamente a afeição das coisas terrenas, de sorte que nunca mais entrou na administração de seus bens, vivendo somente para as coisas de Deus. Jejuar, dar esmolas, fazer penitencia, mandar dizer missas foi sua ocupação única desde que adoeceu até quando morreu.
Cristão verdadeiro, caráter sincero, ótimo pai de família, cidadão inofensivo e bem fazejo, era o capitão Bessa venerado por sua família e estimado por todos que a comunicavam. Parentes, amigos e a pobreza a quem tanto servia, todos o pranteam.
Nós que só por tradição o conhecíamos sentimos profundamente a sua morte e dirigimos nossos sentidos pêsames a seu penalizado irmão nosso estimável amigo Reverendo Bessa e todos seus parentes. Segundo o jornal Constituição, 1º de maio de 1874.
Aracaty, 30 de janeiro de 1858
Meu caro redator.
O
João Francisco, conhecido aqui por Pitio 2º, muito se escandalizou, por ter eu
honrado o seu nome, dizendo na minha última missiva que também se achou no
conflito havido por ocasião da prisão do patrão-mor da Barra e publicou uma
correspondência no Cearense maltratando o Dr. Caminha e o Sr. João Anselmo da Silveira Vidal, a quem
atribui a paternidade de minhas pobres missivas e apresenta um documento para
contrariar o que eu disse.
Ora
dá-se o maior disparate querer João Francisco campar de homem de honra,
dignidade e credito! Um pobre diabo que anda ai pela rua como um cão danado a
morder a quem passa? Não me admira ele tão gratuitamente aqueles dois
indivíduos, porque é seu costume.
O
Sr. João Anselmo já deu-lhe a sua
resposta conveniente, que corre impressa, e acredito que o Dr. Caminha fará
também o mesmo; mas, a ser eu, portava-me de outra maneira, era com o silencia,
que lhe respondia, porque além dele não merece essa honra, acresce que mão
oculta foi quem lhe dirigiu aquele insulto, servindo João Francisco de
instrumento, que nem soube o que
assinou. Como é um homem perdido e tudo lhe faz conta, alguém serve-se dele
para maltratar a quem não merece. É isto e nada mais.
Apresenta
ele uma carta com a respectiva resposta do Ilmº Sr. Dr. Farias Lemos, para
provar que não tomou parte no conflito, ocasionado pela prisão de patrão-mor da
Barra e com ela julga ter-se saído muito airoso! Quando os Srs. Dr. Lemos e
tenente Pereira chegaram a porta de Luiz Chaves, com a sua presença cessou o
furor dos energumes que promoviam a desordem e por isso não podiam saber quais
os que haviam tomado parte no conflito e dado grito de morte contra os
soldados. Quanto mais que eu disse que João Francisco tomara parte no conflito
e sim que havia corrido com outros para lá.
SUBDELEGO de :
Cachoeiro – João Nogueira Pinheiro Landim.
Aracaty – Porfirio Teofilo Alves Ribeiro
São João – Manuel da Cunha Pereira
Taboleiro d’Areia – José Felizardo Freire
Morada Nova – Eduardo Henrique Girão
Pereiro – Antônio Gomes Barreto
Caxaçó – Celestino Barros da Silva
Padre Ambrósio Rodrigues
Sr. Redator
Por toda parte alega razão
E não se descobre paixão
Maxima.
Lendo o periódico Cearense
nº 1090 de 12 do corrente deparei com uma correspondência assinada pelo cap. João
Francisco Carneiro Monteiro do Aracaty, que julgou em seu furor diabólico,
ferir-me assacando-me defeitos, que só ele conhece e que jamais será capaz de
provar, para o que o desafio.
Um dos defeitos, que me
imputa, o de falsificador de firmas de bilhetes correntes, constitui um crime e
um crime gravíssimo que as leis do país tem tratado de punir com o merecido
rigor: apresente-me pois, Sr. João Francisco, esse processo ou ainda mesmo
documento judicial, que prove a existência desse crime, que eu vos qualificarei
de verdadeiro.
Também vos lembrastes de me
dar à paternidade das missivas do Aracaty, assinando-as como dizeis, ora com J.
C. ora com K.; agradeço-vos a honra que me destes; mas, não posso aceitar essa
paternidade, porque nunca tive jeito para escrever missivas e tanto mais que,
para escrevê-las, era-me preciso tempo, e este me falta em virtude de minhas
ocupações de caixeiro da casa Srs. Caminha & Filhos, cuja noticia me
fizestes o favor de publicar pelo Cearense.
Eu, e vós somos bem
conhecidos no Aracaty. A conduta que ei apresentado desde muitos anos a esta
parte, e principalmente nesta cidade desde 19 de outubro de 1856, que entrei
com minha família, é conhecida de seus habitantes: elas que me julguem e digam
se me tenho comportado dessa infame maneira, que me imputais; se não tenho
comunicado com todos e finalmente se me tenho envolvido nas dissensões da
terra.
Outro tanto se não pode de
dizer de vós, Sr. João Francisco, que tenho ouvido tratar a vosso respeito de
coisas bem desfavoráveis, como seja esse apelido de Pitiu 2º e João Cafange,
que a ser verdadeira a etimologia que vos deram daqueles nomes por certo, que
muito e muito o desonra. Além disso, aquelas outras coisinhas que por ai se
contam da casa do vosso avô o finado Manoel Francisco Ramos muito vos acreditam
e fazem merecedor de uma boa reputação, dignidade e etc.
Respeito a historia, que
contais da desavença entre mim e o meu mano Vicente Ferreira Vidal; mas, logo
esperais por uma resposta digna de vós: ele mora no Crato aonde tem uma
tipografia pela qual vos dará o que mereceis – quero dizer – descreverá as
vossas belezas em frase mais clara,
dirá essas verdades, que eu procuro encobrir para não descer como vós a baixa
esfera de manivela. Enfim mostrara que vós sois um pobre diabo, um pedante, um
bregueiro digno de uma camisola e casa de alienados.
De minha parte vos perdoo-o;
porque não soubestes e nem ao menos lestes o que assinastes.
Aracaty, 18 de janeiro de
1858.
João Anselmo da Silveira
Vidal.
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João Anselmo da Silveira Vidal
(Nacionalidade Portuguesa).
Era casado com Carolina Emília da Silveira Vidal (Carolina Malagueta).
Convida-se a todos os
Senhores, que
amam a leitura para serem assinantes do – ARQUIVO PITORESCO – jornal de
literatura, publicado semanalmente em Lisboa, dedicado aos dois hemisférios
Brasil e Portugal.
O
primeiro volume deste jornal acha-se em mão de João Anselmo da Silveira Vidal
aonde se poderá examinar o mérito que ele encerra, já nas gravuras, já na
redação e papel, e já finalmente na execução tipográfica.
Além
do volume da publicação no primeiro ano, tem mais três meses do 2º ano em
brochura, para serem igualmente examinados.
Aracati,
12 de março de 1858
Preço
da assinatura:
Por
ano – Encadernado: 7$500
Em brochura: 6$000
Honrada Sala
Sessão do dia
19 de agosto de 1859, depois de julgar-se o objeto de deliberação um projeto do
vigário Domingues Carneiro restaurando o distrito de paz no Limoeiro em São
Bernardo.
Este padre goza
de bom conceito, e é um dos caracteres mais distintos da honrada Sala.
O Dedo Duro que
era muito critico com os companheiros e sempre os respondia em forma de versos,
tinha muito respeito e lhe tinha a mesma simpatia.
Em 9 de agosto
de 1859, foi lida uma petição da viúva Theofilo Ribeiro e filhos negociantes do
Aracaty, para lhe conceder privilégio por 10 anos para somente sua casa
comercial introduzir na província máquinas a vapor para melhoramento da
agricultura e indústria fabril, que também foi mandada a comissão dos
industriosos.
O Dedo Duro
ouvindo ler a petição achou que devia prestar-lhe o seu apoio métrico dizendo:
Aracaty, torrão bemdito!
Terra de heroes afamado!
Sem ti este Ceará
Pouco valeria ou nada.
Esta assembléa que o diga
Onde só teos enviados
Com rasão chamar-se podem
Os nnicos deputados.
Tu es a brilhante pedra
Deste cearense anel,
Na politica balança
Sempre fazes bom papel.
Na carreira do progresso
Sempre tentas novos trilhos
Como os que fazem viúva
Theofilo Ribeiro e filhos.