Jornal Pedro II, 13 de fevereiro de 1858

 

Aracaty, 30 de janeiro de 1858

Meu caro redator.

O João Francisco, conhecido aqui por Pitio 2º, muito se escandalizou, por ter eu honrado o seu nome, dizendo na minha última missiva que também se achou no conflito havido por ocasião da prisão do patrão-mor da Barra e publicou uma correspondência no Cearense maltratando o Dr. Caminha e o Sr. João Anselmo da Silveira Vidal, a quem atribui a paternidade de minhas pobres missivas e apresenta um documento para contrariar o que eu disse.

Ora dá-se o maior disparate querer João Francisco campar de homem de honra, dignidade e credito! Um pobre diabo que anda ai pela rua como um cão danado a morder a quem passa? Não me admira ele tão gratuitamente aqueles dois indivíduos, porque é seu costume.

O Sr. João Anselmo já deu-lhe a sua resposta conveniente, que corre impressa, e acredito que o Dr. Caminha fará também o mesmo; mas, a ser eu, portava-me de outra maneira, era com o silencia, que lhe respondia, porque além dele não merece essa honra, acresce que mão oculta foi quem lhe dirigiu aquele insulto, servindo João Francisco de instrumento, que nem  soube o que assinou. Como é um homem perdido e tudo lhe faz conta, alguém serve-se dele para maltratar a quem não merece. É isto e nada mais.

Apresenta ele uma carta com a respectiva resposta do Ilmº Sr. Dr. Farias Lemos, para provar que não tomou parte no conflito, ocasionado pela prisão de patrão-mor da Barra e com ela julga ter-se saído muito airoso! Quando os Srs. Dr. Lemos e tenente Pereira chegaram a porta de Luiz Chaves, com a sua presença cessou o furor dos energumes que promoviam a desordem e por isso não podiam saber quais os que haviam tomado parte no conflito e dado grito de morte contra os soldados. Quanto mais que eu disse que João Francisco tomara parte no conflito e sim que havia corrido com outros para lá.

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