Jornal Pedro II, 12 de dezembro de 1861



                                          Bonifácio José Carneiro

Faleceu no dia 28 de novembro de 1861 na povoação do Limoeiro, vitima de uma hidropisia, que o fez sucumbir dentro de poucos dias e depois de esgotado os recursos da medicina.

O Sr. Bonifácio era um cidadão prestimoso, que soube sempre corresponder à estima e consideração de que gozava entre os seus concidadãos. Os habitantes do Limoeiro devem ser gratos à memória desse homem que tanto contribuiu para o estado em que se acha aquela florescente povoação. Com efeito, em 1844 - 45 ou quanto muito de 1840 a 1845, o Sr. Bonifácio foi estabelecer-se no Limoeiro, apenas havia ali duas ou três casas velhas, sendo uma destas a do capelão, onde estava colocado o oratório privado em que se celebravam os atos divinos e suspenso em um dos frechais da casa o sino que convocava os fiéis para assistirem a esses mesmos atos.

Foi então que o Sr. Bonifácio tratou de levantar a efeito a edificação da capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, que era venerada no mesmo oratório como a padroeira daquele lugar; promoveu uma subscrição entre os moradores, animou-os a empreenderem a obra e conseguiu a força de trabalhos e perseverança construir a capela-mór e elevar as paredes do corpo da igreja a tal altura que podia comodamente servir para o culto; depois passou a administração a outros encarregados, nunca deixando de ser um benfeitor da mesma igreja. Foi ainda o Sr. Bonifácio quem primeiro promoveu a edificação de casas naquele lugar, aonde deu principio a uma rua e construiu um quarteirão de pequenas casas ou quartos próprios para o mercado público; de então em diante começou a desenvolver-se ali o gosto pela edificação, de modo que a população tem aumentado muito, e hoje é incontestavelmente a mais importante do município. Como politico pertencia o Sr. Bonifácio ao partido conservador, a quem foi sempre fiel e prestou relevantes serviços, prevalecendo-se para isso da influencia bem merecida que exercia entre os habitantes daquela localidade; revela, porém notar que, não obstante a sua dedicação ao partido, sempre se conservou sem inimigos políticos; prudente e moderado tratava bem a todos quaisquer que fossem suas opiniões politicas e por isso mesmo contava afeiçoados entre os membros de ambas as parcialidades.

Conhecendo a gravidade do mal de que se sentiu afetado, preparou-se com a recepção dos sacramentos e morreu possuído de uma verdadeira resignação. A terra lhe seja leve.

                                                                                                          P.L.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • Twitter
  • RSS

0 Response to "Jornal Pedro II, 12 de dezembro de 1861"

Postar um comentário